sexta-feira, 6 de maio de 2011

Ego - parte II – Crescimento

O ego tem uma natureza egoísta, egocêntrica, é uma característica base do cérebro psicológico, e esta característica de “centrado em si mesmo” é, ao nascimento, ilimitada, não existem limites para um ego incipiente, não existe reconhecimento do exterior, tudo é “eu”, de tal forma é assim que os primeiros estágios de crescimento do ego são na verdade um encolhimento.
No princípio não existem limites, tudo é “eu” ou “meu”, tudo existe para o “meu” deleite, tudo “me” pertence porque tudo é “eu”.
Tal como um ser humano adulto considera a perna sua, por exemplo, e dando um comando consciente ela move-se, também o ego recém-nascido considera tudo “eu” e dando um comando essa “sua propriedade” responde.
No inicio são só novidades, tudo é novo ter qualquer tipo de desconforto, rabo sujo, fome, frio ou dor precisa de ser resolvido, e o ego exprime esse desconforto chorando ou berrando, o que produz o resultado de surgir comida, limpeza, aquecimento e normalmente prazer sensorial sob a forma de carinhos, que dão prazer e analgesia endorfinica, ora como todo o prazer cria dependência pela incessante procura de mais, o ego vai começar a usar o mecanismo do choro ou berro para obter mais prazer endorfinico mesmo sem existir desconforto. È nesta altura que normalmente e idealmente surge o primeiro encolhimento do ego, é nesta altura em que o incipiente cérebro psicológico descobre, que afinal, o pai e a mãe não são propriedade sua mas sim autónomos, afinal nem tudo é “eu”!  
O primeiro encolhimento é um choque brutal mas necessário, quanto mais tardio mais doloroso pois o conceito de posse vai-se consolidando e quanto maior for o apego maior é o sofrimento da perda.
O primeiro encolhimento provoca uma reacção de completa reavaliação dos limites do “eu” por parte do ego, ao aperceber-se que não controla aquelas fontes de prazer endorfinico, ao tomar consciência que nem tudo é “eu”, o cérebro psicológico é forçado a reavaliar o que é que realmente controla.
Neste estágio começa a descoberta do corpo, o bebé ao brincar e observar as mãos ou os pés está a reconhece-los como “seus”, como extensões que obedecem cegamente à sua vontade mesmo que sem a destreza ideal, é preciso praticar para aprender a dominar extensões aparentemente tão úteis, principalmente porque a observação daquilo que lhe é exterior mostra o que é possível.
O prazer sensorial observado anteriormente determina o objectivo final do “eu”, o “eu” vive para o prazer, o “eu” é o máximo hedonista, e a partir daqui usará e experimentará todos os meios para atingir esse objectivo.
Sendo o ego cêntrico e ista apenas lhe interessa a sua procura pelo prazer, tal como aprendeu que as mãos e os pés podem ser bastante úteis também o fará com os comportamentos.
Um ser humano novo aprende por imitação, um ser humano novo irá imitar tudo aquilo que observa e pode ser-lhe útil, é por isso da maior importância que os modelos imitados, normalmente os pais, sejam exemplares pois o papel que desempenham no crescimento do novo ego como educadores é o de ensinar ou limitar no “aquilo que não pode”, no que pode o ego aprende experimentando e imitando e validando através de resultados positivos.
É o papel primordial dos educadores identificar os comportamentos egoístas e humildifica-los para criarem um ser humano equilibrado e capaz de viver em sociedade, seja ela familiar, civil ou natural.
Continua…

Ego parte I – Nascimento

Após 9 meses de gestação o Ser Humano nasce fisicamente para o mundo, torna-se, em diversos aspectos, independente da progenitora, respira e faz a circulação sanguínea autonomamente, o cérebro central de comando está completamente funcional e é apenas limitado pela imaturidade de certos sistemas orgânicos.
Porem o cérebro psicológico, o eu, o ego, ainda não despontou, serão precisos uns poucos dias para que tal aconteça.
Segundo uma cultura “primitiva” um ser humano é só meio ser humano ao nascimento, só se torna um ser humano completo alguns dias depois quando sorri pela primeira vez como reconhecimento da própria existência.
Este primeiro sorrir é de facto um reconhecimento da própria existência, representa o nascimento do cérebro psicológico, do eu, do ego.